Gucci anuncia saída do diretor criativo Sabato de Sarno
A Gucci, uma das maiores marcas do grupo Kering, anunciou na manhã de quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025, que encerrará a parceria com o diretor criativo Sabato de Sarno. O próximo desfile de inverno 2025, que ocorrerá em 25 de fevereiro, será comandado pela equipe de design interna da marca.
Sabato de Sarno, natural de Cicciano, na Itália, assumiu a direção criativa da Gucci em janeiro de 2023, após um período de queda nas vendas e estagnação da marca. Durante a sua breve passagem, De Sarno tentou redefinir a identidade da casa com uma proposta baseada em peças clássicas dos arquivos da marca e influências dos anos 1990 e 2000, quando a Gucci estava sob a liderança de Tom Ford. No entanto, suas coleções não conseguiram despertar o entusiasmo esperado, com as vendas da marca caindo 21% nos últimos nove meses de 2024.
O CEO da Gucci, Stefano Cantino, agradeceu o trabalho de De Sarno e destacou sua dedicação à história e ao artesanato da marca. A nova liderança criativa será anunciada em breve, e especulações indicam nomes como John Galliano e Hedi Slimane como possíveis sucessores.
O que a saída de Sabato de Sarno indica sobre a moda atual?
A saída de Sabato de Sarno da Gucci revela algumas questões mais profundas sobre o estado atual da indústria da moda. O anúncio feito a poucas semanas do desfile de inverno 2025 indica uma pressão crescente por resultados rápidos, o que pode ter contribuído para a falta de tempo necessário para que De Sarno implementasse suas ideias de forma mais estratégica.
A situação reflete a obsessão da indústria por resultados imediatos e a cultura de rapidez nos lançamentos e nas reações ao mercado. A pressão para se manter relevante, somada a um contexto de mudanças de consumo e desafios econômicos, tem levado a algumas decisões precipitadas que impactam as marcas de luxo.
Entre 2015 e 2019, sob a direção de Alessandro Michele, a Gucci teve um crescimento significativo, mas a partir de 2020, o crescimento da marca despencou. Após a pandemia, as prioridades dos consumidores mudaram, e a Gucci foi uma das poucas marcas de luxo que não conseguiu recuperar o nível de vendas anterior. Em resposta a essa crise, a Kering focou em reedições de clássicos e aumento de preços, mas esse movimento não foi suficiente para reverter a queda de vendas.
Pressão e o cansaço com as propostas seguras
A saída de De Sarno também reflete um cansaço crescente com as propostas que são vistas como "seguras" demais, como os básicos de luxo e as reedições de best-sellers. A falta de inovação pode ter sido um fator determinante para a insatisfação com sua gestão. A indústria da moda é marcada por mudanças constantes e por um consumo que vai além de fatores materiais, como preço e qualidade. O valor simbólico, o status social e a relevância cultural são aspectos cruciais para o sucesso de uma marca de luxo, e talvez a Gucci tenha falhado em manter sua proposta atualizada e relevante.
Esse evento também pode ser interpretado como parte de uma mudança maior na indústria da moda, com um foco crescente em inovação, originalidade e a busca por um estilo autêntico que ressoe com os consumidores, especialmente em um momento de incertezas econômicas e sociais.