Thom Browne inverno 2025: A alfaiataria como instrumento de liberdade
No encerramento da New York Fashion Week, Thom Browne apresentou uma coleção que desafiou convenções e explorou a desconstrução dos códigos de gênero. Com uma abordagem teatral e simbólica, o designer transformou a alfaiataria clássica em uma plataforma de expressão e liberdade.
A apresentação aconteceu em uma arena minimalista, onde o centro do palco abrigava uma gaiola com a miniatura de dois homens aprisionados. Ao redor, dobraduras de papel em formato de pássaros pareciam prontas para alçar voo, enquanto a trilha sonora mesclava o canto de aves com a melancólica "Little Bird", de Ariella Glaser. A narrativa era clara: os papéis de gênero, frequentemente limitados por normas sociais, precisavam ser libertados.
A reinvenção da alfaiataria
A coleção reafirmou o DNA de Thom Browne, conhecido por sua habilidade em desconstruir e reinventar a alfaiataria. O designer brincou com proporções e cortes, estreitando cinturas, ampliando ombros e adicionando volume estratégico nas costas. A tradicional paleta de cinza foi expandida para tons de vinho, verde militar, azul bebê e rosa, reforçando a fusão entre elementos tradicionalmente masculinos e femininos.
As saias pregueadas surgiram em composições inesperadas, com gravatas substituindo plissados convencionais. Regatas de basquete foram transformadas em vestidos fluidos, enquanto ombreiras de futebol americano apareceram reinterpretadas em suéteres de tricô. O patchwork trouxe uma mistura ousada de xadrez Príncipe de Gales, Tartan e Vichy, combinado a bordados de paetês e aplicações de pássaros e microflores.
O equilíbrio entre força e delicadeza
O jogo entre peso e leveza marcou a coleção. Casacos estruturados conviveram com vestidos acetinados, enquanto botas militares dividiram espaço com sapatos adornados com perneiras de camurça. A sobreposição de peças revelou um olhar detalhado para texturas e composições, resultando em um equilíbrio sofisticado entre tradição e inovação.
Um encerramento poderoso
No ato final, Browne apresentou um vestido volumoso de princesa combinado a um blazer brilhante, encerrando o desfile com uma mensagem clara: a moda pode – e deve – ser um espaço de liberdade e autenticidade. Em um mundo onde as normas de gênero ainda ditam muitas regras, Thom Browne reafirma seu compromisso em questionar, reinventar e libertar.
Com sua coleção de inverno 2025, o designer não apenas vestiu corpos, mas também desafiou ideias, provando mais uma vez que a alfaiataria pode ser um veículo para a expressão individual e a transformação cultural.